
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), voltou a se posicionar contra a ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de articular uma tentativa de golpe de Estado no Brasil. Mesmo admitindo desconhecer os detalhes do processo, Mendes afirmou não enxergar elementos que caracterizem uma tentativa de ruptura institucional nos atos de 8 de janeiro de 2023.
“Eu não conheço o processo, não conheço os elementos dos autos. Mas, como cidadão olhando de longe, eu não vi golpe. Eu não vi tanque na rua, eu não vi um tiro sendo dado, eu não vi nada disso acontecer. Eu via velhinhos, crianças, chorando na porta de quartéis com a bandeira brasileira, cantando o hino nacional. Isso não é golpe, isso é manifestação”, declarou o governador.
A fala foi dada no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tornou públicas as alegações finais do processo que investiga Bolsonaro e outros sete réus. No documento, o procurador-geral Paulo Gonet pede a condenação do ex-presidente por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes, com penas que podem ultrapassar 40 anos de prisão.
Apesar de afirmar que condena o vandalismo ocorrido durante as invasões aos Três Poderes, Mendes criticou o rigor das penas impostas pelo STF aos envolvidos nos atos, e comparou com as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Sou contra invasão. Invadiram, erraram, depredaram, tem que ser responsabilizado, tem que ser criminalizado. Agora, não para 15 anos de prisão. Tem gente que mata um cidadão e pega 6, 8 anos de cadeia. O cara vai lá, pinta uma estátua, invade, vai pegar 15 anos. Tem alguém do MST preso aí nesse Brasil? Invadiu quantas propriedades? Invadiu o Congresso?”, questionou.
Na avaliação do governador, o Judiciário tem adotado critérios diferentes a depender do grupo envolvido nos crimes. “O Congresso não é mais importante que o lar ou a fazenda de ninguém. Então, se invadiu, tem que estar preso também — e não está”, completou.
Mauro Mendes encerrou suas declarações criticando o que chamou de desequilíbrio institucional. “Eu respeito as autoridades, mas, nesse momento, vejo uma confusão acontecendo nesse país. Isso não é bom para o curto, médio e longo prazo da nação brasileira”, finalizou.