O engenheiro florestal Sandro Andreani, CEO da Ecoflora, realizou no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT) uma palestra sobre Arborização Urbana e Conforto Ambiental. O evento reuniu juízes, profissionais e entusiastas da sustentabilidade urbana, abordando a crescente relevância da arborização nas áreas urbanas, seus impactos na qualidade de vida e a busca por soluções sustentáveis para as cidades do futuro.
O palestrante também é presidente da Sociedade Mato-Grossense de Engenheiros Florestais (Somef) e representante do Crea-MT no Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema).
Andreani, com vasta experiência no setor florestal, destacou que a arborização urbana — ou “urban forest” — é um tema central nas discussões sobre o desenvolvimento sustentável das cidades. Para o especialista, as árvores urbanas não são apenas um componente estético, mas desempenham um papel essencial na melhoria do conforto ambiental, proporcionando sombra, reduzindo a temperatura e promovendo benefícios diretos para a saúde física e mental dos habitantes. Ele frisou que a arborização é um bem público, acessível a todos, e deve ser vista como uma ferramenta para promover igualdade e qualidade de vida em qualquer contexto urbano.
Apesar da crescente conscientização sobre os benefícios das áreas verdes nas cidades, Cuiabá ainda enfrenta grandes desafios quando o assunto é arborização urbana. Segundo dados da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a capital mato-grossense possui apenas 26% de sua área arborizada, um índice bem abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere 12 m² de área verde por habitante. Isso significa que, em média, cada morador da cidade tem à disposição menos de três árvores para garantir seu bem-estar, uma realidade alarmante diante do impacto positivo que a arborização pode oferecer, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde da população.
O palestrante enfatizou que Cuiabá precisa repensar urgentemente sua estrutura verde, investindo na criação de mais áreas arborizadas e preservando as existentes. Ele alertou para a importância de políticas públicas e da conscientização da população como elementos fundamentais para reverter o cenário atual.
Benefícios da Arborização Urbana
Durante sua explanação, Andreani detalhou os diversos benefícios da arborização urbana. Além do conforto ambiental, com a redução da temperatura e a melhoria da qualidade do ar, as árvores contribuem diretamente para a saúde mental e emocional das pessoas. A presença de áreas verdes nas cidades tem um impacto positivo na redução do estresse, na melhoria da concentração e na promoção do bem-estar.
Além disso, a arborização traz benefícios econômicos, como a valorização imobiliária das áreas arborizadas e a redução da poluição sonora. Do ponto de vista ambiental, as árvores desempenham um papel vital na absorção de carbono, na proteção do solo e na preservação da fauna. Também contribuem para a prevenção de enchentes, ao reduzirem o escoamento da água, e incentivam práticas de lazer e atividades físicas ao ar livre.
Desafios para Cuiabá
Entre os desafios apontados por Andreani, a falta de valorização ambiental em Cuiabá surge como um dos maiores obstáculos para o avanço da arborização urbana. Ele destacou a resistência de alguns setores em adotar práticas mais sustentáveis, bem como a escassez de recursos para a implementação de projetos permanentes de arborização. A educação ambiental também se mostrou um ponto crucial. Andreani afirmou que é urgente sensibilizar a população para a importância das árvores nas áreas urbanas e incentivar a adoção de hábitos mais sustentáveis.
O engenheiro florestal também apontou que a cidade carece de políticas públicas eficazes para o plantio e a manutenção das árvores, especialmente em terrenos privados, o que limita a expansão das áreas verdes no município.
Propostas para o Futuro
Para enfrentar esses desafios, Andreani sugeriu diversas ações e estratégias. Entre as principais propostas, destacou a criação de uma Política Municipal de Arborização Urbana, por meio de uma legislação específica que promova o plantio de árvores tanto em espaços públicos quanto privados. Ele também sugeriu a revisão do Decreto nº 5.144/2012, que regula a arborização pública em Cuiabá, e a criação de um Comitê Interinstitucional para desenvolver um Plano Municipal de Arborização Urbana eficaz.
O palestrante ainda sugeriu parcerias entre o poder público e a iniciativa privada para incentivar o plantio de árvores em terrenos particulares, além da escolha de espécies nativas, adaptadas ao clima local, para garantir a sustentabilidade dos projetos.
O Papel das Comunidades e das Autoridades
A participação ativa da comunidade foi outro ponto ressaltado por Andreani. Ele defendeu que as autoridades municipais devem promover a colaboração com a sociedade civil organizada e fortalecer o *Plano Diretor de Arborização Urbana* (PDAU), além de utilizar tecnologias para o monitoramento das áreas verdes da cidade. A interação entre os moradores dos bairros e as políticas públicas de arborização pode ser um diferencial para o sucesso de qualquer plano de melhoria ambiental.
Ao final da palestra, Andreani fez um apelo para que as ações concretas comecem agora, destacando que a arborização urbana é mais do que um tema estético — é uma questão de saúde pública, sustentabilidade e qualidade de vida. “Se quisermos cidades mais verdes, mais sustentáveis e mais habitáveis, precisamos começar agora a cuidar das nossas árvores”, concluiu.
O Desafio está Lançado
A palestra de Sandro Andreani deixou claro que a arborização urbana é uma das chaves para construir cidades mais resilientes às mudanças climáticas e para melhorar o bem-estar dos seus habitantes. No caso de Cuiabá, a adoção de medidas concretas e urgentes é essencial para transformar a capital mato-grossense em uma cidade mais verde, saudável e sustentável. Com o engajamento de todos — poder público, iniciativa privada e cidadãos — o futuro da arborização urbana em Cuiabá começa a ser construído hoje.