Globo - Mesmo com apenas 29 minutos em campo, camisa 9 foi eleito o craque do jogo
A vitória do Brasil por 3 a 2 sobre o México pode passar a impressão de que o amistoso nos EUA foi uma partida para lá de movimentada, em que os ataques brilharam. Mas não foi bem esse o cenário em campo. Apesar do triunfo, a seleção brasileira, com um time cheio de reservas, ficou longe de ter um desempenho excepcional contra os modestos mexicanos.
Com alguns altos e baixos ao longo dos 90 minutos, a equipe de Dorival Júnior foi superior, mas não conseguiu traduzir isso em muitas oportunidades de gol. Menos mal para o Brasil que o treinador tem no elenco um jogador que não precisa de muitas chances para fazer a diferença. Com 29 minutos em campo e já no apagar das luzes do amistoso, Endrick marcou o gol da vitória da seleção e de quebra ganhou o prêmio de craque do jogo.
— O troféu (de melhor em campo) não é só meu, mas de toda a equipe. É um excelente trabalho do Dorival. Agora tem a Copa América, e vamos ver o que vai acontecer. Espero que possamos ganhar com a torcida de todos os brasileiros — falou o atacante após o apito final.
As nove finalizações que o Brasil deu em toda a partida — quatro a menos que o México — traduzem bem o que foi o desempenho da equipe. Após o golaço marcado por Andreas Pereira logo aos cinco minutos, em boa jogada de Savinho, a seleção não conseguiu sair da marcação do México e levou pouco perigo. Por outro lado, também não sofreu defensivamente.
O início da segunda etapa ainda passou a sensação de que o Brasil tinha melhorado após o intervalo. Com maior fluidez dos homens do meio para frente, o time ficou mais imprevisível e confundiu a defesa mexicana. Foi assim, inclusive, que Martinelli marcou o segundo gol. O atacante saiu da ponta esquerda, que ficou ocupada por Andreas, e recebeu bom passe de Yan Couto, que apareceu como um meia dentro da área após enfiada de Militão.
No entanto, o 2 a 0 fez o time relaxar. Além disso, a equipe, que já tinha tido dificuldades na saída de bola na primeira etapa, seguiu errando neste início de construção e foi castigada quando Paquetá perdeu bola no meio, o México contra-atacou pela esquerda e Yan Couto fez contra após cruzamento. Nos acréscimos, Guillermo Martínez ainda empatou após escanteio, mas a estrela de Endrick prevaleceu, e o Brasil saiu com a vitória.
O terceiro gol marcado pelo atacante em três jogos sob o comando de Dorival Júnior, inclusive, pode ser considerado uma prévia do que está por vir no Real Madrid. A bonita cabeçada de Endrick saiu após boa jogada de Vini Jr. pela esquerda. O camisa 7 atraiu dois marcadores, conseguiu limpar a jogada e achou o futuro companheiro na área para dar mais uma vitória para a seleção brasileira.
— O pessoal fala que sou pequeno para ser camisa 9, mas não é questão de tamanho e sim posicionamento — cravou Endrick.
Paralisação por cantos homofóbicos
Sem grandes novidades em relação ao jogo jogado, a maior eventualidade da noite ficou por conta da paralisação da partida por volta dos 12 minutos do segundo tempo por xingamentos homofóbicos contra o goleiro Alisson. Os insultos foram escutados pelo árbitro americano Lukasz Szpala, que avisou aos jogadores. Um comunicado foi emitido no telão e no sistema de som do Kyle Field, afirmando que o responsável seria banido do estádio.
Além disso, as dimensões do campo, com 5 metros a menos de comprimento e 4 metros a menos de largura do que os 105x68 metros padronizados pela Fifa, também chamaram a atenção. O espaço menor fez com que a partida ficasse mais truncada e as equipes apostassem mais na marcação pressão para forçar o erro do adversário. Essa foi, inclusive, a principal estratégia do México.
Quem foi bem?
Mesmo com poucos minutos em campo, é possível afirmar que Endrick foi o cara da partida. Autor do gol da vitória, o centroavante, prestes a completar 18 anos e a caminho do Real Madrid, segue construindo seu caminho como protagonista da seleção brasileira.
Andreas Pereira comemora gol marcado pelo Brasil — Foto: Tim Warner / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
No meio, Andreas Pereira foi um que mais uma vez aproveitou a oportunidade no time de Dorival Júnior. Jogador mais avançado do setor, o camisa 19 usufruiu da liberdade para pisar na área como elemento-surpresa e, além do golaço marcado logo aos cinco minutos, teve boa participação no jogo ofensivo do time canarinho.
Pelo lado direito do ataque brasileiro, Savinho também foi bem. Além da boa jogada na assistência para Andreas, o atacante foi quem mais tentou algo diferente para furar a marcação mexicana ao longo da partida.
Quem foi mal?
Nenhum jogador da seleção brasileira destoou negativamente do que foi o time de maneira geral. Até mesmo Yan Couto, autor de um gol contra, teve bons momentos. Ainda assim, vale reforçar mais uma vez a dificuldade enfrentada pelo goleiro Alisson e o miolo de zaga para sair jogando com os pés. É verdade que as dimensões do campo podem ter atrapalhado, mas é fato também que os erros acumulados precisam ser corrigidos por Dorival antes da Copa América, quando o Brasil enfrentará adversários mais qualificados.